Ele apareceu, com suas pernas laranjas e corpo verde.
Não queria nada.
Só passar.
Achei bonito, e estiquei seu trajeto. Não reclamou e não mostrou dificuldades. Continuou seguindo, esquivando e andando, com agilidade. Queria chegar num lugar que só ele sabia. E não parou, nem mesmo um segundo.
Eu o atrapalhei e nem por isso deixou de seguir. Contornou as linhas, as curvas, os terrenos sinuosos e nem mesmo a gravidade o derrotou.
Não tava nem ai o safado! Fazia tudo tão fácil quanto um estalar de dedos.
Continuou. Com passos rápidos, curtos e seccionados.
Deixei que fosse embora, surpreso com sua maestria.
Sumiu.
Segundos depois, aparece de novo.
“Ei cara! Ta tudo numa boa, não fiquei zangado. Eu só preciso continuar, entende?”
“Ah! Ok! - Eu disse”
Então o coloquei no chão e abri caminho. Subiu um degrau como se não houvesse mais nada no mundo além dele. Subiu mais ainda.
E lá se foi, para além da minha visão, com suas pernas laranjas, curtas e seu corpo verde.
A cabeça fria e o pé quente.
Caminhou para o seu destino, sem saber, que suas habilidades lhe reservavam algo muito além dos seus objetivos de inseto.
Com "Oppressed People" de Nobuo Uematsu na cuca
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