quarta-feira, 15 de junho de 2011

"Disse que saiu, com o entardecer..."

As coisas mudaram como nunca. Hoje percebo, da maneira que o raio de sol me contou.


Isso é bom. Me sinto vivo e feliz. Contente e ansioso como um aprendiz cheio de vontade de trabalhar.


Me peguei novamente com esse sentimento. Essa, tontura, quietude, o fim do silêncio desconfortável. Enfim. Depois de tanto tempo. Posso senti-lo novamente.


Não sei se conhece esse meu eu, caro leitor. Nem eu mesmo saberia dizer todas as pessoas que me conheceram assim. Eu mesmo nem queria que fossem tantas. Mas se já me viu assim, sabe como fico bem e calmo.

E foi justamente esse acalento da alma que me incitou a iniciar essas frases. E fico assim, nem ai para as coisas. Uma sensação única. O mais puro deleite. Tanto que, só agora me dou conta que nem sinto mais as dores do pessimismo.


É bom. Tão bom que escrevo, escrevo QUASE sem pensar muito. Não queria pensar. Nem um pouco. Infelizmente, alguns temas se repetem nos pensamentos. Já não posso escrever mais nada senão esses temas que clamam em sair. Uma pena. É difícil pra mim essa forma de expressão. Anseio me expressar, sem ter barreiras. Sem pensar. Só escrever. E levar para um lugar, que eu possa ler sempre e me organizar e pensar e refletir e amar e odiar e tomar decisões.


Meu banquinho nessa praça pública cheia de cor, já não é mais meu. Lembro bem... Lembro quando esse aconchego não passava de mais um lugar, escondidinho nessa cidade. Por isso, tiro férias desse assento. Ei de deixa-lo aos cuidados do tempo. Nada de alimentar os pombos, pintar o banco, varrer as folhas e cumprimentar pessoas. Aqueles que forem curiosos, podem passar por aqui, mas não encontrarão nada, além disso que já existe.


Quem sabe um dia desses eu volte a sentar aqui.


Jamais deixarei de lembrar os pequenos eventos que me trouxeram até esse lugarzinho. Muito menos as ajudas que me deram, mas por hora, procuro minha planície. Alí. Além da cidade tão freqüentada.



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Não há música no ponto de virada.

sexta-feira, 18 de março de 2011

O mensageiro que vem do nada na hora que se toma fôlego em meio a uma tormenta de Março

Ele apareceu, com suas pernas laranjas e corpo verde.

Não queria nada.


Só passar.


Achei bonito, e estiquei seu trajeto. Não reclamou e não mostrou dificuldades. Continuou seguindo, esquivando e andando, com agilidade. Queria chegar num lugar que só ele sabia. E não parou, nem mesmo um segundo.

Eu o atrapalhei e nem por isso deixou de seguir. Contornou as linhas, as curvas, os terrenos sinuosos e nem mesmo a gravidade o derrotou.

Não tava nem ai o safado! Fazia tudo tão fácil quanto um estalar de dedos.

Continuou. Com passos rápidos, curtos e seccionados.

Deixei que fosse embora, surpreso com sua maestria.


Sumiu.


Segundos depois, aparece de novo.


“Ei cara! Ta tudo numa boa, não fiquei zangado. Eu só preciso continuar, entende?”


“Ah! Ok! - Eu disse”


Então o coloquei no chão e abri caminho. Subiu um degrau como se não houvesse mais nada no mundo além dele. Subiu mais ainda.

E lá se foi, para além da minha visão, com suas pernas laranjas, curtas e seu corpo verde.

A cabeça fria e o pé quente.

Caminhou para o seu destino, sem saber, que suas habilidades lhe reservavam algo muito além dos seus objetivos de inseto.


Com "Oppressed People" de Nobuo Uematsu na cuca

quinta-feira, 3 de março de 2011

Exercitando a cura

A chuva em todo seu ímpeto fomenta os meus sonhos prematuros.

Contemplo – a como contemplo o infinito.

A natureza se rejuvenesce num banho colossal.

Todo o medo mundano se esvai, deixando um espaço aqui dentro. O pequeno espaço cresce a um tamanho significante, engrandece, vira prazer. Junto aos prazeres dessa noite, que até agora estava quente demais.

Assim como o meu mundo que acostumou a acalentar os ambientes tenros e pesados.

Mas vem o banho e o banho lava a mente e a alma.

La fora, em meio às luzes amarelas, a cidade descansa. A pobrezinha nem se faz notar que se cura, fica mais pura.

Todos dormem. Ninguém vê nada, porque o que há deles verem, senão gotas caindo do céu?

Volto aos meus sonhos. Ouço a singularidade musical das gotas que tanto limpam.

Permaneço nessa janela recebendo a brisa celeste. Recompensa pelo dia difícil.

Desejo mais uma vez compartilhar “isso” com uma mão delicada e um par de olhos profundos.

Encosto a cabeça na janela, cansado e melancólico.

Saboreio a saudade

As árvores dançam e a chuva continua.

Só continua...